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SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL (SII)

Doença que se manifesta com dor abdominal, geralmente localizada no abdome inferior, que ocorre, em média, uma vez por semana, nos últimos três meses, iniciada pelo menos seis meses antes do diagnóstico e que apresenta pelo menos duas das três características a seguir:

  1. Relacionada com as evacuações.
  2. Associada a mudanças na frequência evacuatória
  3. Associada com alterações na forma (aparência) das fezes

A dor abdominal na maioria das vezes se manifesta de forma leve, no entanto em até 25% dos casos os sintomas são intensos e recorrentes, prejudicando de forma considerável a qualidade de vida dos pacientes.

As causas do desenvolvimento da Síndrome do Intestino Irritável permanecem ainda desconhecidas, mas modernos mecanismos etiopatogênicos têm sido descritos recentemente, permitindo assim, melhor compreensão dos prováveis fatores envolvidos, especialmente em relação aos distúrbios de motilidade, hipersensibilidade visceral e aberrações nas conexões do sistema nervoso central com sistema nervoso entérico.

Fatores genéticos, ambientais e psicossociais como: gastroenterites prévias, intolerâncias alimentares, estresse crônico, diverticulites e cirurgias, funcionam como gatilho para aparecimento ou exacerbação dos sintomas.

CLASSIFICAÇÃO (subgrupos):

1. SII com constipação

2. SII com diarreia

3. SII forma mista

4. SII forma indeterminada

O diagnóstico é essencialmente clínico, baseados conforme o atualizado Critérios de Roma IV , mas, exames complementares como hemograma, proteína C reativa e calprotectina fecal podem ser utilizados como padrão básico para início de investigação.

Colonoscopia, testes de intolerância alimentar e investigação de Doença Celíaca devem ser utilizados conforme o caso do paciente.

TRATAMENTO

Inicialmente deve haver uma boa relação médico-paciente para que se consiga uma ampla investigação sobre aspectos dietéticos e psicossociais envolvidos e a partir destas informações iniciar as terapias necessárias.

Deve evitar alimentos gordurosos e produtores de gazes, principalmente quando a queixa de distensão abdominal e flatulência estiverem presentes. Interrogar minuciosamente quais alimentos o paciente apresenta intolerância. Além dos já conhecidos intolerantes ao glúten e lactose hoje em dia vem crescendo muito os intolerantes aos carboidratos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis ( Fermentable Oligosaccharides Disaccharides Monosaccharides and Polyols – FODMAP). Produtos estes presentes em algumas hortaliças, leguminosas, frutas, cereis, massas e leite com seus derivados.

Pacientes com componente de ansiedade e estresse relevante devem ser tratados de forma adequada abrindo espaço aos antidepressivos e ansiolíticos adequados para cada caso.

Mudanças de hábito como atividade física, redução de estresse e melhoria na qualidade de sono reduzem a incidência das crises.

Sintomas dispépticos como náuseas podem estar presentes em parte dos pacientes, os antagonistas de serotonina como Jofix® ou Vonau® apresentam boa resposta ao controle destes sintomas. Casos de SII com perfil diarreico respondem bem ao tratamento com loperamida (IMOSEC®).

Pacientes com perfil constipante se beneficiam com uso de laxantes formadores de bolo fecal ou osmóticos e agonistas de serotonina como tegaserode.

Para controle da dor, varias medicações com efeitos antiespasmódicos estão disponíveis no mercado (trimebutina, mebeverina, escapolamina, brometo de pinavério, brometo de octilônio) sendo muito úteis em crises.

Pacientes intolerantes aos alimentos FODMAP parecem se beneficiar com uso da enzima alfa galactosidase (Digeliv®) na melhora dos sintomas.

Os probióticos vêm ganhando muito espaço no tratamento da SII a partir de estudos evidenciando a importância da microbiota na fisiopatogenia da doença.

Métodos alternativos como acupuntura e terapias de relaxamento tem espaço importante em determinados subgrupos de pacientes.

A Síndrome do Intestino Irritável é responsável por um número muito grande de consultas médicas em ambulatório de Coloproctologista anualmente. Compromete a qualidade de vida dos pacientes e o diagnóstico muitas vezes é oneroso em virtude de exames, muitas vezes desnecessários, em busca de algo que muitas vezes depende de uma boa relação de confiança entre médico e paciente. O tratamento na grande maioria das vezes é eficaz com perspectivas de melhora futura conforme mais informações forem surgindo a respeito das causas e mecanismos de ação desta doença sobre os pacientes.

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